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quinta-feira, 1 de maio de 2014

Registro vinte e três: ainda não terminei...

E já vão se fazer sete meses que eu voltei do intercâmbio e esse blog não teve continuidade... Não falei da minha última semana, não me despedi!

Primeiramente porque realmente não tive tempo de postar na última semana, muita coisa pra fazer, aquela vontade de fazer o dia durar o dobro, aproveitar cada segundo... Em seguida, após chegar ao Brasil, mal tive tempo pra descansar, rever a família e já havia voltado ao trabalho. Pois é. Mas depois dessa correria toda, por que eu não continuei contando, não continuei escrevendo?! Muito simples, pelo menos na minha cabeça, eu não queria.

Eu não tinha vontade, eu não tinha coragem, eu não... Nem sei dizer o que realmente aconteceu. A percepção que tenho hoje é que fiquei meio que de luto, sabe?! Fui preenchida de uma tristeza enorme, passei pela negação, pela aceitação, etc... aquelas fases do luto. Hoje, me sinto um pouco mais a vontade para falar. Mas na época, foi extremamente difícil pra mim, eu não queria lembrar, eu não queria falar... e todas as pessoas queriam saber como tinha sido, perguntavam sobre como eu me senti, sobre estar feliz... e eu simplesmente não queria estar ali, ouvindo, sorrindo, respondendo...

Frustração, eu senti uma frustração tão grande, uma raiva descabida, um arrependimento... e o que era pior, não conseguia dizer isso, não conseguia aceitar isso. Não fiquei assim por que o intercâmbio foi ruim, por que não foi - na verdade, foi muito longe disso, apesar de alguns perrengues. Eu estava tão decepcionada comigo mesma, por ter me maltratado dessa forma. Não era isso que eu queria, eu queria ter me abandonado lá, me largado, ter ido, pra ficar. E alguns dias antes da viagem da volta, esse sentimento já estava presente em mim - sem que eu me desse conta, não queria dormir pro dia não acabar, para aquilo durar mais. Mas foi inocência minha não ter me preparado para isso, pois se pra ir foi uma loucura dentro de mim, eu já deveria ter previsto que pra voltar seria no mínimo duas vezes aquilo.

De repente, num dia qualquer, conversando com minha querida mãe sobre coisas da vida - como comumente a gente faz quando tá junta - eu me deparei com uma Lorene em prantos, magoada, até um pouco com a feriada viva ainda... e pela primeira vez depois que eu tinha voltado (acho que uns 5 meses já haviam se passado) eu disse isso tudo em voz alta, eu confessei pra ela como eu havia vindo me sentindo nesse tempo todo. Ela sem entender, claro, me devolveu alguns motivos e algumas esperanças... um pouco de cura, um pouco de mãe (que faz bem em qualquer hora), um pouco de fé na vida, fé em mim... e então, eu tento, toda vez que raiva/frustração volta, eu paro e ouço a voz dela.. calma e tranquilizadora... e me volto no centro de mim mesma, arruma minha velha casa, tiro a poeira e me dou um pouco de paz!

E com o tempo, as perguntas foram diminuindo, não que hoje as pessoas não perguntem, não falem... mas acho que consigo bloquear a frustração e consigo ser sincera comigo mesma enquanto respondo ou converso com alguém. E me agarro nas lembranças únicas que tenho do que vivi.


Sei que esse post esta fora do que vinha acontecendo aqui, e nem ao menos sei se isso já aconteceu com outras pessoas... mas pra mim, também faz parte dessa história. E não seria nem um pouco eu se a parte ruim também não fosse contada! Mas agora é ânimo e tempo pra continuar isso aqui, e reviver um dos melhores lugares em que já estive. Se alguém por ventura ler, obrigada, e se alguém entender: muito obrigada!

Com amor, L.